quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

OBAMA não é IBAMA

por Francisco Borges “Chicao” Júnior

Crise financeira e um presidente liberal na frente da maior economia do mundo. Aliás, não só um presidente liberal, uma expectativa de liderança para a dita salvação da nação patriótica, Obama aparenta ser tudo aquilo que mundo estava esperando dos EUA.

Com a atual crise financeira afetando diretamente as maiores montadoras do mundo, como a General Motors, a Ford e a Chrysler, creio que o momento de negociações governo-empresas não poderia ser mais favorável. Com a necessidade da tão temida intervenção estatal no modelo neo-liberal, a possibilidade de imposição de mudanças aparece no cenário sócio-econômico.

Em outros tempos, a posição das grandes montadoras e indústrias petrolíferas desaceleravam(para não dizer barravam) a criação e adoção de combustíveis limpos para o uso da população, impedindo sua implantação em novos modelos de automóveis de maneira maciça. Esta é a hora.

Obama já inicia com mudanças em decisões efetivadas no governo Bush, como o poder dos estados de determinar os níveis de emissão de poluentes aceitáveis pelos carros recém-produzidos nas montadoras, fato que em outro momento econômico do mundo não seria possível. Sem falar também que os favoritos de seu gabinete estão alocados na Agencia de Proteção Ambiental (EPA) e nas secretarias de Interior, Agricultura e Energia.

No entanto, a dita esperança que todo o mundo, literalmente, espera é demais para um presidente da nação que tem consigo o estigma da responsabilidade por boa partes dos problemas que afetam o planeta. As mudanças prioritárias são para o bem da nação americana e creio que se estas decisões começarem a alterar as expectativas dos EUA, Obama com certeza irá voltar atrás.

Isto mostra que o presidente eleito é frágil? Creio que não. O modo de vida americano já está arraigado de uma forma que as mudanças que acontecerão terão uma velocidade extremamente lenta, velocidade de mudança de culturas. A aceitação de consumir menos, produzir o necessário e ignorar o resto do mundo é uma “qualidade” que o povo americano se orgulha de ter e sofrerão muito para sacrificar esta cultura em prol de uma mais humanista.

Desta forma, Barack Obama pode até tentar mudanças efetivas no seu país, tanto na política externa como na interna, mas se o povo americano não mudar sua cultura, não tem líder de nação que irá aguentar a pressão de uma população enfurecida. Além do mais, Obama não é Ibama.

sábado, 3 de janeiro de 2009

O pulsar do coração da Terra e a aceleração do tempo

Leonardo Boff, Teólogo

Não apenas as pessoas mais idosas, mas também jovens tem a experiência de que tudo está se acelerando excessivamente. Ontem, foi carnaval, dentro de pouco será Páscoa, mais um pouco, Natal. Esse sentimento é ilusório ou possui base real? Pela "ressonância Schumann" se procura dar uma explicação. O físico alemão W.O. Schumann constatou em 1952 que a Terra é cercada por um campo eletromagnético poderoso que se forma entre o solo e a parte inferior da ionosfera que fica cerca de 100 km acima de nós.

Esse campo possui uma ressonância (dai chamar-se ressonância Schumann) mais ou menos constante da ordem de 7,83 pulsações por segundo. Funciona como uma espécie de marca-passo, responsável pelo equilíbrio da biosfera, condição comum de todas as formas de vida. Verificou-se também que todos os vertebrados e o nosso cérebro são dotados da mesma freqüência de 7,83 hertz. Empiricamente fez-se a constatação que não podemos ser saudáveis fora desta freqüência biológica natural. Sempre que os astronautas, em razão das viagens espaciais, ficavam fora da ressonância Schumann, adoeciam. Mas, submetidos à ação de um "simulador Schumann" recuperavam o equilíbrio e a saúde.

Por milhares de anos as batidas do coração da Terra tinham essa freqüência de pulsações e a vida se desenrolava em relativo equilíbrio ecológico. Ocorre que, a partir dos anos 80 e de forma mais acentuada a partir dos anos 90, a freqüência passou de 7,83 para 11 e para 13 hertz por segundo. O coração da Terra disparou. Coincidentemente desequilíbrios ecológicos se fizeram sentir: perturbações climáticas, maior atividade dos vulcões, crescimento de tensões e conflitos no mundo e aumento geral de comportamentos desviantes nas pessoas, entre outros. Devido a aceleração geral, a jornada de 24 horas, na verdade, é somente de 16 horas. Portanto, a percepção de que tudo está passando rápido demais não é ilusória, mas teria base real neste transtorno da ressonância Schumann.

Gaia, esse superorganismo vivo que é a Mãe Terra, deverá estar buscando formas de retornar a seu equilíbrio natural. E vai consegui-lo, mas não sabemos a que preço, a ser pago pela biosfera e pelos seres humanos. Aqui, abre-se o espaço para grupos esotéricos e outros futuristas projetarem cenários, ora dramáticos, com catástrofes terríveis, ora esperançadores como a irrupção da quarta dimensão pela qual todos seremos mais intuitivos, mais espirituais e mais sintonizados com o bioritmo da Terra.

Não pretendo reforçar este tipo de leitura. Apenas enfatizo a tese recorrente entre grandes cosmólogos e biólogos de que a Terra é, efetivamente, um superorganismo vivo, de que Terra e humanidade formamos uma única entidade, como os astronautas testemunham de suas naves espaciais. Nós, seres humanos, somos Terra que sente, pensa, ama e venera. Porque somos isso, possuímos a mesma natureza bioelétrica e estamos envoltos pelas mesmas ondas ressonantes Schumann. Se queremos que a Terra reencontre seu equilíbrio devemos começar por nós mesmos: fazer tudo sem stress, com mais serenidade, com mais amor, que é uma energia essencialmente harmonizadora. Para isso importa termos coragem de ser anti-cultura dominante, que nos obriga a ser cada vez mais competitivos e efetivos.

A Terra Respira! Precisamos respirar juntos com a Terra para conspirar com ela pela paz.